Na última semana, a equipe da Reabilitação Intelectual do CER IV de Contagem – Centro Especializado em Reabilitação Antônio de Oliveira, administrado pela APAE-BH, participou de uma capacitação na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) durante três dias. A capacitação foi ministrada por Maria Luísa Magalhães Nogueira, psicóloga, professora do departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Coordenadora do Curso de Especialização em Transtornos do Espectro do Autismo e co-coordenadora do LEAD (Laboratório de Estudos e Extensão em Autismo e Desenvolvimento) e do PRAIA (Programa de Atenção Interdisciplinar ao Autismo) – UFMG.

A abordagem foi sobre o Modelo Denver de Intervenção Precoce que, segundo Maria Luísa, foi iniciado em Denver, no Colorado, Estados Unidos, nos anos 1980 e é adequado para crianças de 9 meses até 5 anos de idade. Este modelo aborda todas as competências do desenvolvimento na infância: linguagem, brincadeiras, interação social e atenção compartilhada, imitação, competências motoras, autocuidado e comportamento. Trabalham-se, de forma lúdica, a iniciativa, a espontaneidade e a motivação dos atendidos e todas as atividades são planejadas seguindo um roteiro: preparação, tema, objetivos, variações e fim.

A psicóloga explica sobre a capacitação: “O curso foi preparado pensando na importância da intervenção precoce e na possibilidade de dar instrumentos, com respaldo científico dos mais atualizados, para os profissionais que estão na ponta. Eu entendo que este é o papel da universidade: levar conhecimento para a vida das pessoas.”

De acordo com Maria Luísa, após muitos anos de pesquisa, o Modelo Denver de Intervenção Precoce tem eficácia comprovada. “O curso, além de mostrar como esse modelo pode ser usado no contexto da intervenção precoce em crianças com autismo, também está voltado para a orientação aos pais. A família é muito importante dentro do processo de reabilitação.” Ela explica que os pais também devem fazer a estimulação do filho, já que a intensidade da intervenção precoce é fundamental para o melhor prognóstico de uma criança com autismo. “As crianças precisam ter muitas horas de estimulação e os pais, naturalmente, passam muitas horas com suas crianças. Ninguém conhece melhor aquela criança do que o pai e a mãe”, afirma.

O autismo não é uma doença, mas sim um transtorno do desenvolvimento que, apesar de não ter cura, pode ser tratado, respeitando a singularidade de cada criança para que ela tenha autonomia. Durante o curso, foram apresentados também vídeos de profissionais aplicando o Modelo Denver de Intervenção Precoce em bebês e crianças.

Sobre a importância dessa capacitação para os profissionais da Reabilitação Intelectual do CER IV de Contagem, Maria Luísa comenta que a taxa de prevalência do autismo, hoje, é muito alta e os colaboradores do CER IV devem receber um grande número de crianças com autismo. “Por isso, é importante que esses profissionais tenham acesso a instrumentos de intervenção desenvolvidos especificamente para essas crianças e com comprovação científica já realizada, como o Modelo Denver de Intervenção Precoce. Além disso, os profissionais estão vendo que é muito divertido de aplicar”, afirma.

Este modelo tem tido uma procura muito grande, mas, segundo a psicóloga, ainda está muito restrito aos profissionais de clínicas particulares, que são os que têm acesso a essa informação. “Tenho uma preocupação muito grande e receio que esse modelo se torne elitizado no Brasil. Entendo que é fundamental que as crianças com situação socioeconômica inferior tenham acesso ao que há de melhor. Elas têm esse direito. Então, para mim, é um prazer e uma alegria poder ter esse momento com os profissionais do CER IV”, comenta Maria Luísa.

Thiago Henrique Santos Martins, psicólogo do CER IV de Contagem e estudante de Mestrado em Comportamento e Cognição na UFMG, gostou muito da capacitação. Ele, que trabalha com crianças e adolescentes com diagnóstico de deficiência intelectual e transtorno do espectro autista, comenta: “Para nós que trabalhamos com esse público específico é muito importante que possamos nos instrumentalizar, nos preparar e nos capacitar para ajudar no desenvolvimento desses usuários e de suas famílias de maneira geral.”

Thiago afirma também que é muito importante estar atualizado sobre o que é desenvolvido dentro de sua área de atuação e que oportunidades como esta contribuem para a troca de experiências. “Essa troca com outros profissionais é muito importante, pois temos exemplos do que tem sido feito. Às vezes, a partir do que o outro tem feito conseguimos criar ferramentas e elementos à nossa realidade também.”

Jeyverson Mendes, Gerente da Reabilitação Intelectual do CER IV de Contagem, psicólogo especialista em Terapia Analítico-Comportamental e mestrando em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, exaltou a importância da parceria. “Parcerias como esta com a UFMG contribuem para a atualização dos profissionais e aperfeiçoam as intervenções realizadas no serviço do CER IV, especificamente na modalidade da reabilitação intelectual. Dentro das universidades nós temos a oportunidade de adquirir conhecimentos cientificamente comprovados; e é disso que precisamos para promover a reabilitação das pessoas com deficiência.”

Crédito: Assessoria de Comunicação APAE-BH [vc_images_carousel images=”16481,16482,16483,16484″ img_size=”medium”]