Pela primeira vez na história, pessoas com deficiência visual das cidades de Contagem, Sarzedo e Ibirité que necessitam do uso de próteses oculares vão receber  OPMs visuais (órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção) gratuitamente de um equipamento público.

Na manhã de ontem, o CER IV Contagem/APAE-BH recebeu cerca de 20 pessoas que foram fazer medida da cavidade ocular para ganhar próteses oculares e medidas para óculos de acordo com os critérios de fornecimento da tabela SUS.

Todas elas passaram primeiro pela Unidade Básica de Saúde, em seguida foram encaminhadas ao Centro de Autorização de Procedimentos em Saúde em Contagem. De lá, receberam autorização para serem atendidas pelo CER IV.

No CER IV, todos foram atendidos pela médica oftalmologista, Dra. Carolina Milagres, de quem receberam as devidas indicações para treinamento. Os usuários são também encaminhados à pedagoga Vilma Nogueira, com quem fazem todos os treinamentos necessários para uma perfeita adaptação e prescrição oftalmológica.

Ontem (10/3) foi o tão aguardado dia para que todos fizessem as medidas necessárias para a confecção de suas respectivas próteses ou óculos. As OPMs visuais serão fornecidas de forma absolutamente gratuita a todos aqueles em que a prescrição está contida na tabela SUS.

“As pessoas prestam muito mais atenção
ao nosso defeito do que em nós.
Por essa razão eu quero tanto
colocar a prótese”.
Nelson.

Um dos usuários que serão contemplados com a prótese é o pastor Nelson Fernandes Silva, de 70 anos, morador do bairro Novo Riacho, em Contagem. Há cerca de sete anos, Nelson sofreu um descolamento de retina e ficou completamente cego de um dos olhos. Desde então, sua córnea ficou opaca e o olho atrófico. Por essa razão, a oftalmologista do CER IV recomendou que ele usasse uma prótese. “As pessoas prestam muito mais atenção ao nosso defeito do que em nós. Por essa razão eu quero tanto colocar a prótese”, conta Nelson.

Já Acássio Barbosa dos Santos, de 67 anos, morador do bairro Novo Progresso, também em Contagem, diz que há cerca de 20 anos levou uma pedrada enquanto estava dentro do ônibus. Logo em seguida, começou a usar uma prótese, mas deixou de usá-la há 12 anos.

“Isso fará com que ele tenha que trocar a prótese várias vezes devido à profundidade da cavidade ocular. Mas ficará excelente”, diz o protético Cláudio Osmar da Silva, que há quase meio século trabalha neste ofício.

“Trabalhamos em cima do perfeito para ficar próximo do ideal. Porque perfeito mesmo só Deus consegue”, diz Cláudio.

Em uma semana, todos eles voltarão ao CER IV Contagem para receber suas tão aguardadas próteses!

“Trabalhamos em cima do perfeito
para ficar próximo do ideal.
Porque perfeito mesmo
só Deus consegue”.
Cláudio

Óculos

Edmo Carlos, de 53 anos, morador do bairro Industrial, em Contagem, fez as medições para receber seu novo par de óculos. Ele teve descolamento de retina e têm o diagnóstico de retinose pigmentar. Outro exemplo é a senhora Maria Augusta, de 73 anos, que utiliza prótese ocular em um olho e apresenta baixa visão no outro olho após cirurgia de retirada domeningioma. “Agora, com os óculos certos, vou conseguir realizar meu sonho, que é ler a Bíblia”, comemora.

Já o pequeno Miguel Otávio, de 9 anos, que tem o diagnóstico de paralisia cerebral, foi levado ao CER IV pela mãe, Roberta, para fazer a substituição dos óculos, que já estão inadequados. Aos sete meses de idade, Miguel foi submetido a uma cirurgia para tratar de catarata congênita e hoje ele precisa usar óculos para corrigir seus 23 graus de hipermetropia.

Com muito acuro, a técnica Iris mediu um a um os usuários e os ajudou a escolher o melhor e mais harmonioso modelo de armação capaz de sustentar com segurança as robustas lentes que todos eles precisarão usar.

Logo no início de abril, os usuários receberão seus óculos e nós estaremos lá para registrar esse momento tão aguardado!

Custo

Muitos dos usuários do CER IV Contagem/APAE-BH que receberão próteses e óculos para baixa visão não tinham recursos suficientes para comprar os auxílios e, por isso, acabavam tendo a qualidade de vida comprometida.

Para se ter uma ideia, uma prótese como as confeccionadas artesanalmente por Cláudio custam de R$ 1800 a R$ 2000. Já os óculos, não sairiam por menos de R$ 1500.

“Tanto as próteses quanto os óculos serão pagos com a nossa verba de custeio, recurso financeiro advindos do Ministério da Saúde e da Prefeitura de Contagem, pois ainda não há uma verba específica, um recurso ‘carimbado’ para este fim”, explica Ana Carolina Santos, gerente da modalidade Visual do CER IV. “Vamos continuar nos empenhando para conseguirmos esse recurso e, assim, continuar oferecendo à população esse serviço indispensável para o processo de habilitação/reabilitação visual ”, destaca.

“Vamos continuar nos empenhando para conseguirmos
esse recurso e, assim, continuar oferecendo à população
esse serviço indispensável para o processo
de habilitação/reabilitação visual ”.
Ana Carolina

“O serviço de habilitação/reabilitação visual é novo na região de saúde de Contagem e esta é a primeira vez que há avaliação individual do usuário, confecção, adaptação e entrega gratuita de OPMs visuais”, esclarece Daniela Teodoro, gestora do CER IV Contagem/APAE BH. “É muito gratificante conseguir prover soluções que possibilitem que as pessoas com deficiência visual tenham o seu direito garantido, proporcionando maior funcionalidade e autonomia, promovendo assim melhor qualidade de vida ”, conclui.