A Escala de San Martin é apresentada como instrumento para avaliar a qualidade de vida da Pessoa com Deficiência Intelectual na fase adulta, fornecendo informações relevantes a partir das quais se pode alinhar, alterar processos e melhorar a qualidade do serviço prestado. É a primeira escala construída no âmbito internacional para avaliar a qualidade de vida de pessoas adultas com deficiências significativas (pessoas que requerem apoios extensivos ou generalizados), que conta com propriedades psicométricas adequadas e com evidências suficientes de validade e confiabilidade.

No Programa Casa Lar da APAE de Belo Horizonte, o preenchimento da escala é feito pela equipe técnica que é composta por uma assistente social, uma enfermeira, uma nutricionista, uma psicóloga, uma fonoaudióloga, um supervisor administrativo e uma gerente. A equipe preenche a Escala com as informações de cada usuário por vez. A participação de toda a equipe é considerada fundamental, pois possibilita aumentar a precisão de cada resposta, pois cada integrante da equipe convive quase que diariamente com todos os usuários.

A utilização da Escala têm possibilitado o alcance de resultados pessoais relacionados com a qualidade de vida e suporte centrado na pessoa. A escala San Martin se tornou o principal instrumento de avaliação do Programa para promover melhorias na vida das pessoas com deficiência e, portanto, no exercício do seu direito a uma vida digna.

O objetivo da ação é favorecer a construção progressiva da auto-determinação, do bem estar emocional, do bem estar físico, do bem estar material, dos direitos, do desenvolvimento social e das relações interpessoais dos moradores das casas lares.

A escala é composta por 95 itens em torno das 8 dimensões descritas na tabela abaixo. As sentenças são avaliadas com a medida de frequência (nunca, algumas vezes, frequentemente e sempre). A partir dos pontos obtidos em cada uma das dimensões, obtém-se as pontuações brutas que ao final indicarão o índice de qualidade de vida.

A partir dos gráficos gerados pelo programa no computador, pode-se avaliar quais as principais dimensões a serem trabalhadas com cada indivíduo, dado que os gráficos revelam como a pessoa foi avaliada em cada dimensão. Verificando as sentenças também é possível identificar que tipos de apoios especificamente devem ser trabalhados com cada pessoa.

 

Auto determinação Opiniões e preferências pessoais, autonomia, decisões e escolhas.
Direitos Conhecimento dos direitos, privacidade, confidencialidade e respeito.
Bem-estar emocional Satisfação com a vida, auto-conceito, ausência de stress, sentimentos negativos ou problemas de comportamento, segurança e comunicação de emoções.
Inclusão Social Integração, participação e apoio.

 

Desenvolvimento Pessoal Enriquecimento pessoal, aprendizagem, competências, habilidades e motivação.
Relações interpessoais Relações familiares, relações sociais e comunicação.
Bem estar material Posses, renda, condições de habitação.

 

Bem estar físico Alimentação, exercício físico, higiene, mobilidade, medicação; cuidados de saúde e sexualidade.

 

Com base nesses indicadores, a equipe técnica tem se norteado para executar suas atividades estratégicas e, assim contribuir para a melhoria na qualidade de vida dos usuários. Os resultados alcançados até o presente momento foram surpreendentes! Os usuários passaram a se sentir valorizados, amados, respeitados e, com isso, as mães sociais e auxiliares aprenderam a ter um novo olhar e uma melhor compreensão sobre a Deficiência intelectual.

Alina Cynthia Braga – Gerente Casa Lar