Antes da pandemia, a Clínica Intervir, da APAE BH, prestava cerca de 3.200 atendimentos (entre SUS e sem convênio, além de 200 oficinas) a bebês, crianças e jovens com deficiência intelectual/múltipla e autismo, nas áreas de Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Fisioterapia Respiratória, Fonoaudiologia, Nutrição e Neurologia. São treinos de habilidades físicas e motoras essenciais para o desenvolvimento de todos os usuários que chegam até nós, encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde.
Com o avanço dos casos de Coronavírus a situação se agravou rapidamente e, em março de 2020, a Prefeitura de Belo Horizonte solta um decreto interrompendo as atividades. O momento foi de muita angústia. Todos os técnicos da Clínica se reuniram e pensaram: o que fazer? Suspender o atendimento significaria o risco de comprometer o desenvolvimento de tantas crianças que precisam de estímulo nesses momentos de suas vidas e qualquer interrupção poderia ter efeitos irreversíveis.
Toda a equipe, juntamente com a gestão da APAE BH, definiu pelo modelo de teleatendimento como uma forma de manter os atendimentos, ainda que a distância. Imediatamente, a gestora da Clínica, Leda Fioravante, repassou às famílias os informativos legais sobre as regras de como seriam o atendimento. Em seguida, a equipe da Assistência Social fez um levantamento entre as famílias sobre a disponibilidade de todas elas para a adesão ao formato paliativo de atendimento.
As famílias que aceitaram participar do teleatendimento foram relacionadas em tabelas e um cronograma de atendimento foi estabelecido, de forma a se respeitar a disponibilidade das famílias e a jornada de trabalho dos profissionais. E o resultado foi um sucesso. Os profissionais da APAE-BH usaram de muita competência e criatividade para poder se conectar de forma mais atraente aos usuários e os pais, por sua vez, se comprometeram a potencializar os exercícios, estimulando seus filhos em casa através dos exercícios orientados pelos profissionais.
Já no mês de agosto, com o arrefecimento do registro de casos da Covid-19, a Clínica Intervir passou a oferecer atendimentos híbridos: parte em teleatendimento e parte presencial. Isso fez com que o atendimento fosse intensificado, no entanto sem provocar a aglomeração na no espaço físico da Clínica. Todos os protocolos de segurança foram implantados e amplamente divulgados e seguidos à risca pelos usuários e suas famílias, e monitorados de perto pelos funcionários da Intervir. Assim, todos os que estavam ali, presencialmente, estavam em absoluta segurança.
Ao longo do semestre, os atendimentos presenciais foram sendo retomados, sempre de forma muito cautelosa e garantindo a todos muita segurança. O Serviço Social da APAE-BH se aproximou ainda mais das famílias para garantir apoio às vulnerabilidades, que ficaram ainda mais comprometidas pela queda na renda.
Assim, após um ano de tanta incerteza e de tantas ameaçadas, com muito empenho de todos os seus profissionais e gestores – e principalmente com o engajamento das famílias – a Clínica Intervir conseguiu superar dificuldades extremas e manter o seu propósito maior que é contribuir para o desenvolvimento de tantas crianças e jovens com deficiência.
Ante ainda ao que está por vir, que nenhum de nós ainda sabe ao certo o que será, infelizmente, a certeza que temos é que, unidos, e de forma sempre muito comprometida e engajada, a Clínica Intervir, mais uma vez, vai conseguir superar dificuldades e garantir a todos aqueles que tanto precisam todo o suporte necessário.