Wanete Fátima Oliveira tem 54 anos, é pesquisadora e mãe de quatro filhos, entre eles o João, aluno da Escola Oficina Sofia Antipoff, da APAE BH.

Sempre muito ativa, independente e determinada, Wanete sempre foi também muito criteriosa em relação aos cuidados com a própria saúde. Assim que completou 40 anos, começou a fazer mamografia anualmente, conforme recomendam os médicos. Até que no início de 2012, aos 46 anos, a rotina até então tranquila dos resultados de seus exames mudou completamente. Desta vez, a mamografia detectou um carocinho suspeito em sua mama direita. O material foi coletado e enviado para biópsia e, quando o resultado chegou, ficou de fato comprovado: Wanete estava com “Carcinoma ductal infiltrante”, ou seja, ela estava com câncer de mama.

“Fiquei preocupada, claro, mas não pensei muito. Só queria começar logo o tratamento”, conta. Wanete entrou na fila do SUS, se licenciou do trabalho e cerca de dois meses depois fez a cirurgia para a retirada do tumor. Em seguida, o médico avaliou a possibilidade de dar continuidade ao tratamento por meio de comprimidos, mas chegou à conclusão de que isso não seria o suficiente: ela teria que ser submetida a quatro sessões de quimioterapia e a 30 de radioterapia.

Foi este o momento, desde que tomou conhecimento do tumor, que Wanete realmente desabou. “Comecei a chorar ali mesmo, na frente do médico. Sabia que iria perder todo o meu cabelo e, assim, todos ficariam sabendo que eu estava com câncer”, relembra ela. “Não queria que as pessoas batessem o olho em mim e sentissem pena”, diz.

Wanete começou o tratamento e pouco tempo depois da primeira sessão de quimio, durante o banho ela notou seus cabelos e pelos caindo aos tufos. “Eu passava as mãos assim no cabelo e saia aquele monte de fios uma vez só”, relata. “Até que um dia, ao ver tantas falhas na minha cabeça, meu filho decidiu passar a máquina e raspou tudo de uma vez”.

A quimio fez muito mal a Wanete. Além do mal-estar e dos enjoos já esperados, ele teve alergia à medicação, ficou muito inchada, parou de sentir o sabor dos alimentos e também teve muitas feridas na boca. Ela também chegou a ficar internada em uma ocasião em que suas plaquetas baixaram tão assustadoramente que o médico não pensou duas vezes em mantê-la no hospital.

Passadas as sessões de quimio, que foram feitas a cada 20 dias, era a hora de dar início à radioterapia. Ao todo foram 30 sessões, feitas de segunda a sexta. Tirando o excessivo ressecamento da pele, Wanete diz que não chegou a sentir nenhum outro desconforto. Terminado o protocolo do tratamento prescrito para ela, um novo exame foi feito e, para grande alívio dessa mãe tão batalhadora, ela estava curada.

Livre do câncer, aos poucos a vida de Wanete foi voltando ao normal. Em novembro o médico a liberou para retornar ao trabalho e, em pouco tempo, sua antiga rotina já estava restabelecida.

Sempre muito tranquila para falar sobre a doença, Wanete conta que um dos momentos mais difíceis de todo o processo foi pensar na possibilidade da própria morte ao considerar o destino do filho caçula, então com 12 anos: “E se eu morrer? Quem vai cuidar do João?”. Isso fez com que ela seguisse à risca o tratamento e não faltasse a nenhuma consulta, a nenhuma das sessões de tratamento.

“Fui agraciada com o privilégio da vida e agradeço muito a Deus por ter descoberto a doença ainda no início, o que me deu a chance de me tratar”, ressalta. “Encarei tudo de frente e hoje, depois de tudo o que eu passei, espero que minha história seja uma inspiração para que todas as mulheres tenham amor por si e se cuidem. Se antes de tudo não cuidarmos de nós mesmas, como então poderemos cuidar de quem tanto amamos?”