Ao longo da história, as concepções e terminologias utilizadas para definir a deficiência intelectual, sustentam o preconceito e a discriminação, pois atribui à pessoa com deficiência intelectual uma condição incapacitante e infantilizada. Nessa perspectiva, essa pessoa não é encarada como um sujeito ativo, que constrói sua própria história. O fato de uma pessoa apresentar uma limitação ou necessitar de apoios específicos, não significa que ela seja incapaz de decidir e dirigir sua vida.

As recentes mudanças trazidas pelo paradigma da inclusão, como as legislações, marcaram o envolvimento da pessoa com deficiência intelectual na defesa dos seus direitos e na expressão de suas necessidades. Como consequência, as instituições públicas e privadas estão em processo de adequação a esse novo contexto e se esforçando para efetivar uma inclusão de qualidade. A APAE é referência nesta área pelos serviços que oferece a seus usuários e a suas famílias.

Entre esses serviços, está a Casa Lar, que acolhe 52 pessoas com deficiência intelectual, cujos vínculos familiares foram rompidos ou fragilizados. A APAE-BH e seus profissionais desenvolvem ações com o objetivo de dotar essas pessoas das competências necessárias para a construção de seus projetos de vida e sua gestão responsável. Uma das importantes ferramentas utilizadas pelos profissionais, é a escuta empática.

Outro aspecto fundamental para a inclusão da pessoa com deficiência intelectual na sociedade é o conhecimento da importância do papel de todas as pessoas neste processo. Nós, cidadãos e instituições, somos agentes de mudança e devemos nos perguntar o que temos feito para promover a inclusão social e melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência intelectual. É preciso que todos percebam as pessoas com deficiência intelectual além de suas dificuldades e limitações, mas que são indivíduos com expectativas, potencialidades e capacidade para atuar intensamente em suas próprias vidas.

Para promover melhor qualidade de vida à pessoa com deficiência intelectual, é importante criar oportunidades e incentivá-la a se expressar, se comunicar e demonstrar suas preferências, desejos, necessidades e conquistas. Para tanto, é fundamental que o interlocutor escute essa pessoa com atenção e valorize o que está sendo falado; e essa escuta requer muito mais que tempo, ela requer dedicação, responsabilidade e qualidade. Dar voz às pessoas com deficiência intelectual é importante, mas saber escutar é determinante para fazer do indivíduo o protagonista de sua própria história.

 

Elaboração do Texto:

Sílvia de Castro Stehling – Psicóloga do Programa Casa Lar

Referências bibliográficas:

RIBEIRO, Alice. Passaporte básico para a autodeterminação de pessoas com deficiência intelectual. Disponível em: <https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0765.pdf/> Acesso em: 3 de maio de 2018.

DIAS, Sueli de Souza; et.al. Deficiência intelectual na perspectiva histórico-cultural: contribuições ao estudo do desenvolvimento adulto. Revista Brasileira de Educação Especial. vol. 19, n.2, abril/junho, 2013.

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