A audição é um dos meios sensoriais utilizados para a percepção do meio em que o indivíduo está inserido e dos acontecimentos que o rodeiam. Desde a gestação, o sentido da audição é desenvolvido e continua se desenvolvendo após o nascimento. A estimulação auditiva desde os primeiros dias de vida é de grande importância para o bom funcionamento do sistema auditivo e de outras funções que dependem do funcionamento adequado deste sistema.

As pessoas que possuem algum tipo ou grau de perda auditiva são privadas sensorialmente de estímulos muito importantes para o desenvolvimento de habilidades auditivas, da linguagem oral e de outras funções cerebrais, tais como a realização de funções executivas, atividades da vida diária, cognição, atenção, entre outras. Quando há a privação auditiva, o desenvolvimento dessas habilidades e funções é atrasado, provocando uma série de alterações que devem ser reparadas posteriormente.

O processo de reparação das alterações e atrasos causados por uma perda auditiva é chamado de Reabilitação e tem início a partir do diagnóstico de alguma alteração auditiva, realizado por meio de análise clínica e exames objetivos e subjetivos para a avaliação audiológica. Vale lembrar que quanto mais precocemente é feito o diagnóstico de uma perda auditiva, melhor será o prognóstico, ou seja, uma previsão do tempo estimado para a reabilitação auditiva.

Finalizado o diagnóstico da perda de audição, será iniciado o processo terapêutico para a reabilitação das habilidades auditivas e da linguagem oral, que se dará a partir da adaptação ao recurso de amplificação sonora ou ao dispositivo que permitirá um maior estímulo auditivo, sejam eles aparelhos auditivos, implante coclear, ou outro recurso. Há casos em que o indivíduo deficiente auditivo, ou sua família, opta pela comunicação por meio da língua de sinais e, nestes casos, o processo para o estabelecimento de uma comunicação efetiva se dará pela aprendizagem da língua de sinais, que no Brasil é a Libras.

O processo terapêutico para a reabilitação auditiva é realizado por um Fonoaudiólogo e pode ser semanal ou com outra periodicidade, dependendo da avaliação clínica do indivíduo e da sua resposta ao planejamento terapêutico proposto. Tal processo de reabilitação é de suma importância para o desenvolvimento das habilidades auditivas e de alguns aspectos da linguagem do indivíduo, que não serão estimulados apenas com o uso de um aparelho auditivo ou outro dispositivo. A reabilitação permitirá a adequada estimulação da via auditiva para realização dos ajustes neuronais necessários ao desenvolvimento das habilidades para que o indivíduo seja capaz de ouvir, diferenciar, reconhecer e compreender os sons do ambiente e da fala, presentes no meio em que vive.

O processo de reabilitação auditiva deve contar com a participação ativa e fundamental dos pais ou familiares do indivíduo com perda auditiva, quando serão orientados sobre os estímulos auditivos cotidianos e a forma de abordagem das situações diárias para um bom desenvolvimento das habilidades auditivas e de linguagem.

 

Eva Laura dos Santos Cardoso – Fonoaudióloga do serviço de reabilitação auditiva

Referências:

  • MIGUEL, Juliana Habiro de Souza; NOVAES, Beatriz Cavalcanti de Albuquerque Caiuby. Reabilitação auditiva na criança: adesão ao tratamento e ao uso do aparelho de amplificação sonora individual., Commun. Res.,  São Paulo ,  v. 18, n. 3, p. 171-178,    2013 .   Acessível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-64312013000300006&lng=en&nrm=iso>. Acessado em 09  Ago.  2019.  http://dx.doi.org/10.1590/S2317-64312013000300006.
  • LIMA, Maria Clara de Oliveira et al . Análise da efetividade de um programa de intervenção para famílias de crianças com deficiência auditiva.CoDAS,  São Paulo ,  v. 31, n. 3,  e20180116,    2019 .   Acessível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-17822019000300306&lng=en&nrm=iso>. Acessado em  09  Ago.  2019.  Epub Jun 27, 2019.  http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20182018116.
  • Conselho Federal de Fonoaudiologia