A educação do aluno com deficiência intelectual deve ter os mesmos princípios e valores que os pensados para os demais sujeitos e, da mesma forma, não pode determinar limites para suas construções. Deve, antes, considerar alguns aspectos relativos justamente à sua forma diferenciada, e não inferior, de construção de saberes. Esse alunos devem ser levados a ampliar suas capacidades para além do aprendizado de determinados conteúdos acadêmicos, ensinando-os a aumentar seu repertório de aprendizagens e capacidade de autonomia.

Isso significa apostar em todas as suas possibilidades. Significa considerar a inteligência um conjunto dinâmico de aptidões que pode ser desenvolvido a partir de intervenções adequadas que a educação escolar pode impulsionar. Talvez, seja essa a maior dificuldade enfrentada pelos professores: a proposição de práticas adequadas a essas exigências, conforme aponta Pletsch (2010).

Quais seriam, então, as características de aprendizagem desse aluno? Quando se organiza o trabalho educativo, é primordial conhecer as peculiaridades do caminho de desenvolvimento, que não deve ater-se ao domínio dos aspectos biológicos e das possíveis limitações advindas da deficiência. Ao contrário, diante de seu desenvolvimento, deve-se acrescentar objetivos, exigências sociais e conduzi-lo rumo a uma convivência social rica e produtiva.

Sobre a aprendizagem, é possível afirmar que é a capacidade de adquirir habilidades, conhecimentos e atitudes adequadas para resolução de problemas e realização de tarefas cotidianas, que incluem o bem-estar e convivência social. Vigotski (2006, p. 115) salienta que “[…] uma correta organização da aprendizagem do aluno conduz ao desenvolvimento mental, ativa todo um grupo de processos de desenvolvimento, e esta ativação não poderia produzir-se sem a aprendizagem”.

Entretanto, se for mantido o pensamento de que esses alunos estão engessados numa deficiência, que construções de conhecimentos lhes serão oportunizadas?

A tarefa de aprender envolve diversas funções mentais que nos possibilitam construir novos comportamentos que têm por base o desejo da aprendizagem. Afinal, só aprendemos o que nos interessa, nos seja útil ou nos proporcione prazer. Isso significa dizer que a aprendizagem é um ato prazeroso.

Nós, da Escola Oficina Sofia  Antipoff  APAE-BH, optamos por uma linha pedagógica focada nas habilidades e competências necessárias para a educação permanente. Nesse contexto, as atividades são organizadas em uma sequência metodológica que envolve os alunos na apropriação dos conteúdos e na construção do conhecimento.

Todos os objetivos do ensino são importantes, desde que os conceitos ou as habilidades ensinadas sejam funcionais e possam ser utilizadas pelos alunos ao longo de suas vidas. O que se pretende é ensinar conhecimentos e habilidades que são úteis hoje e continuarão a sê-lo em longo prazo, podendo ser utilizadas em diversos ambientes.

Essa proposta curricular visa preparar o aluno para a vida. Por isso, deve refletir as necessidades e interesses de cada um , constituindo um reforçador natural e propiciando-lhes uma trajetória mais feliz e produtiva.

  • O que esperamos de nossos alunos?
  • O que eles estão aprendendo ?
  • O que está sendo ensinado ?
  • Como está sendo ensinado?
  • De que forma? Onde?
  • O que está sendo ensinado pode ser aplicado na vida diária do aluno?

A educação está em todos os lugares e no ensino de todos os saberes. Assim não existe modelo de educação; a escola não é o único lugar onde ela ocorre e nem muito menos o professor é seu único agente. Existem inúmeras educações e cada uma atende à sociedade em que ocorre, pois é a forma de reprodução dos saberes que compõem uma cultura. Portanto, a educação de uma sociedade tem identidade própria e é por meio dela que o indivíduo se aprimora.

Assim, o aprendizado é entendido como um processo, ou seja, ele deve ser flexível e passível de alterações sempre que necessário.

Bibliografia:

  • ANTUNES, K. C. V. História de vida de alunos com deficiência intelectual: percurso escolar, e a constituição do sujeito. 2012. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2012
  • CUNHA, R.; ROSSATO, M. A singularidade dos estudantes com deficiência intelectual frente ao modelo homogeneizado da escola: reflexões sobre o processo de inclusão. Revista Educação Especial, v. 28, n. 53, p. 649-664, 2015.
  • OMOTE, S. A formação do professor em Educação Especial na perspectiva da inclusão. In: BARBOSA, R. L. L. Formação de educadores: desafios e perspectivas. São Paulo: Ed. UNESP, 2003. p. 153-169.