Qual o sentimento?

Estamos vivendo um momento de total preocupação em decorrência da pandemia do novo coronavírus, a Covid-19. Medidas orientadas pelas autoridades, nas diferentes esferas, mudaram completamente nossas rotinas, nossos comportamentos, como forma de prevenção e controle da expansão do vírus. Nesse sentido, o Serviço de Acolhimento Institucional – Casa Lar da APAE-BH é um serviço de Assistência Social desenvolvido em unidades residenciais inseridas na comunidade e tem a finalidade de promover a construção progressiva da autodeterminação, inclusão social e desenvolvimento das capacidades adaptativas para a vida diária e prática dos moradores.

O serviço é executado da melhor maneira possível, promovendo bem-estar emocional, físico e material dos usuários, bem como suas relações interpessoais e a defesa de seus direitos. Principalmente o direito ao afeto.

Quando falamos de afeto, estamos também falando de amor. Precisamos de afeto em todas as famílias, pois o amor de família é aquele que tem um vínculo duradouro. Precisamos sentir que somos amados e amar alguém, o que é fundamental e nos dá coragem e força para enfrentar a vida e seguir adiante. Nesse período tão conturbado que estamos vivendo devido à Pandemia, nos perguntamos como oferecer para nossos moradores um momento de afeto, já que são forçados a viverem cotidianamente com todo tipo de carências sociais, somadas a barreiras e preconceitos? Nada melhor que um carinho de mãe, não é mesmo?

A equipe tem que buscar, com determinação, a reconstrução dos laços familiares, orientando e auxiliando os moradores, mantendo o respeito e as boas relações interpessoais tanto com os moradores quanto com os outros profissionais que trabalham nas casas. A mãe social tem que assumir literalmente a função de mãe, acompanhando os moradores em consultas médicas, odontológicas, psicológicas e de reabilitação, nos atendimentos escolares, perícias, atividades de lazer e esportes. A função primordial da mãe social é oferecer amor e segurança aos moradores.

Nesse sentido, a crise da Covid-19 nos obriga a pensar em novas estratégias nas casas lares, sem que falte amor e afeto. Surge um sentimento maior de cuidado, que requer mais atenção, criatividade, agilidade e, principalmente, escuta. Segundo Janice, mãe social casa Betânia, “Para mim, é como se fossem mesmo minha família. Acho que a pandemia veio para que possamos valorizar mais ainda, ficarmos mais próximos para amar mais.”

Assim, com a aliança e os laços estabelecidos, conseguimos promover uma melhor qualidade de vida para os moradores.

É importante criar oportunidades e incentivar que a pessoa com deficiência intelectual se expresse, comunique suas preferências, desejos, necessidades e conquistas. Para que isso aconteça, é preciso que o interlocutor escute com atenção e valorize o que está sendo falado. Essa escuta requer muito mais do que tempo, ela requer dedicação, responsabilidade e qualidade. Dar voz às pessoas com deficiência intelectual é importante, mas, sobretudo, saber escutar é determinante para a promoção do indivíduo como protagonista de sua própria história.

Por: Alina Braga
Gerente Serviço de Acolhimento Casa Lar