Desde 1997, o serviço de acolhimento institucional Casa Lar para pessoas com deficiência intelectual é desenvolvido pela APAE-BH em parceria com a Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social de Minas Gerais – SEDESE, e atualmente abriga 50 moradores com deficiência intelectual, advindos da extinta FEBEM, que estão distribuídos em oito unidades residenciais inseridas na comunidade.
Tal serviço conta com uma equipe técnica multidisciplinar formada por assistente social, psicólogo, enfermeira, nutricionista, supervisor administrativo e gerente. Os vínculos familiares desses usuários foram rompidos ou fragilizados, e eles não dispõem de condições de autosustentabilidade e/ou de retaguarda familiar temporária ou permanente. Para eles, família são os moradores, as mães/pais sociais e as auxiliares que convivem e trabalham com eles a maior parte do tempo.
Visando garantir a melhoria da qualidade de vida dos moradores, os funcionários vêm se dedicando ao quesito autodeterminação, dimensão que possibilita aos moradores mais eficácia na autonomia para fazerem suas próprias escolhas. Assim, estamos constatando que temas como festa de aniversários, decoração de cômodos nas residências, escolha de como passar seu tempo livre entre outras escolhas são barreiras rompidas. Hoje, cada morador faz sua própria programação diária com auxilio e apoio dos funcionários.
É notório que o desenvolvimento pessoal também vem se destacando no serviço Casa Lar, com a expansão dos vínculos entre os funcionários, pois eles estão realizando encontros de confraternização entre as casas, atividades coletivas e estreitamento da comunicação.
As recentes mudanças no modo de atuação dos funcionários têm contribuído para melhorar a qualidade de vida aos moradores, incentivando-os a se expressar, se comunicar e demonstrar suas preferências, desejos, necessidades e conquistas. Para tanto, é fundamental que os profissionais envolvidos escutem os moradores com atenção e valorizem o que está sendo falado. E essa escuta requer muito mais que tempo, ela requer dedicação, responsabilidade e qualidade. Dar voz às pessoas com deficiência intelectual é importante, mas saber escutar é determinante para fazer do indivíduo o protagonista de sua própria história
Assim, a aliança e os laços que foram conquistados pelo enfoque interdisciplinar estão possibilitando a criação e realização conjunta de novas estratégias para o desenvolvimento de atividades que priorizem a amizade, o respeito, a responsabilidade e, consequentemente, melhorem cada vez mais a autonomia, independência e qualidade de vida dos moradores das Casas Lares da APAE-BH.
Leonardo Silva de Morais
Assistente Social do serviço Casa Lar, da APAE-BH