O Autismo, também conhecido como Transtornos do Espectro Autista (TEA), afeta uma em cada 160 crianças no mundo, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Apesar de relativamente comum, muita gente não sabe exatamente do que se trata o autismo, nem como lidar com pessoas que sofrem com ela. Hoje, 2 de abril, Dia Mundial de Conscientização do Autismo, fizemos uma compilação de mitos e verdades para muitas pessoas possam saber mais sobre este espectro o espectro,  que mais de 70 milhões de pessoas.

O que é o transtorno do espectro autista?

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) engloba diferentes condições marcadas por perturbações do desenvolvimento neurológico com três características fundamentais, que podem manifestar-se em conjunto ou isoladamente. São elas: dificuldade de comunicação por deficiência no domínio da linguagem e no uso da imaginação para lidar com jogos simbólicos, dificuldade de socialização e padrão de comportamento restritivo e repetitivo.

MITOS

 

O autismo não tem características físicas e nem mesmo o profissional mais gabaritado conseguiria reconhecer um autista por sua mera aparência. Em resumo: autismo não tem cara.

 

 

 

 

 

 

Ao contrário do que se acreditava quando foi descoberto o autismo não é um problema psicológico. Ele se inicia durante a gravidez, mas geralmente só é diagnosticado nos primeiros três anos da criança. Existem vários graus de autismo, mas ainda não é possível identificar por diagnóstico laboratorial. A forma de descobrir está na observação. É preciso ficar atento ao comportamento da criança, que pode desenvolver problemas relacionados à linguagem, a interação social, além de apresentar comportamentos repetitivos. 

 

 

 

Nada disso! O autismo é resultado de um conjunto de características que afetam o âmbito comportamental do indivíduo e prejudicam algumas capacidades da pessoa. A definição de doença leva em conta fatores como o risco de morte, a degradação física e de órgãos internos. O Transtorno do Espectro Autista (TEA), na verdade, está classificado como um dos Transtornos de Desenvolvimento. 

 

 

 

 

Não é à toa que se diz que o autismo é um espectro – isso significa que as características variam de pessoa para pessoa. Espectro (spectrum), porque envolve situações e apresentações muito diferentes umas das outras, numa gradação que vai da mais leves à mais grave. Todas, porém, em menor ou maior grau estão relacionadas, com as dificuldades de comunicação e relacionamento social. Alguns podem ter dificuldade para desenvolver a fala e outros podem ser ótimos oradores.  Alguns podem desenhar muito bem e outros podem ter dificuldade em segurar corretamente um lápis. Cada autista é único exatamente como todas as outras pessoas do mundo. 

 

É comum ouvir que autistas vivem em seu próprio mundo e que não se interessam por outras pessoas. Bem, pode realmente ser verdade que algumas pessoas no espectro autista não queiram fazer amigos e mesmo não sintam falta de ter alguém por perto. Isso, aliás, isso pode ser verdadeiro, inclusive, para pessoas “neurotípicas” (aquelas que não possuem problemas de desenvolvimento neurológico).  Entretanto, muitos autistas têm, sim, o desejo de terem amigos, mas, muitas vezes, não têm ideia do que devem fazer para desenvolver uma amizade ou se sentem desajeitados demais com relação às interações sociais. São tantas regras subentendidas que muitos se sentem confusos ou perdidos e acabam parecendo tímidos, hostis ou simplesmente desinteressados.

 

Hoje em dia temos diversas formas de comunicação alternativa e isso deu voz para diversas pessoas no espectro que não conseguem se comunicar verbalmente. Algumas delas têm blogs, sites e escreveram até livros. Tudo isso é muito importante porque deixou bem claro que mesmo parecendo ausentes e incapazes de compreender o que se passa à sua volta, muitos autistas não verbais ouvem e compreendem tudo. Então, nada de falar como se a pessoa no espectro não estivesse presente, ok?

 

 

 

Outra coisa comum é ouvir que quem está no espectro autista é incapaz de sentir emoções, mas isso não poderia estar mais longe da realidade. O autismo em si não faz com que alguém seja incapaz de sentir as emoções, mas as emoções são sentidas, percebidas e expressadas de forma diferente. Já ouvi de muitos autistas que eles preferem se afastar porque sentem demais, tanto que fica até difícil de suportar – e isso é justamente o oposto de não se sentir nada, não é?

 

 

 

Pode realmente ser verdade que uma pessoa no espectro tenha dificuldades em entender o que outra pessoa está sentindo com base em sua expressão facial, tom de voz e linguagem corporal. Lembrem – se é um espectro.  Mas, caso a emoção seja comunicada diretamente, autistas têm não só a capacidade de compreender a emoções como também, sentir compaixão e empatia tanto quanto qualquer outra pessoa. Por esse motivo, ensinar e treinar o reconhecimento das emoções é tão importante desde cedo. Uma comunicação direta, verbal, sem ironia e figuras de imagem também ajuda muito.

 


Essa informação é completamente falsa. Segundo a OMS, não há nenhuma comprovação científica que ligue o transtorno do espectro autista a vacinas como sarampo, caxumba ou rubéola.

 

 

 

 

 

 

O autismo pode se manifestar de diversas maneiras e em graus variados, por isso é praticamente impossível encontrar duas pessoas no espectro que apresentem exatamente as mesmas características, dificuldade e rol de comportamentos. Embora o movimento pendular seja algo comum, ele não é realizado por muitas pessoas no espectro.

Existem diversos outros comportamentos que também são comuns no autismo como, por exemplo, a dificuldade em se olhar nos olhos, a necessidade de alinhar objetos e o gosto pela observação de objetos giratórios que também podem não fazer parte da vida de muitos autistas. Aliás, é bem possível que pessoas “neurotípicas” (pessoas que não possuem problemas no desenvolvimento neurológico) realizem esses comportamentos sem que isso signifique que sejam autistas.

 

É bem verdade que alguns autistas não conseguem olhar nos olhos, mas isso não é verdade para todos e isso é algo muito importante de se saber já que essa crença pode atrasar o diagnóstico e, consequentemente, a intervenção necessária. Alguns conseguem olhar nos olhos, porém não conseguem sustentar o olhar por muito tempo e outro não tem problema algum com isso.

Muitos autistas sentem desconforto em olhar nos olhos porque são muitas informações ao mesmo tempo para serem codificadas, gerando desconforto, ansiedade, confusão ou estresse. Muitos dizem que é mais fácil prestar atenção no que o interlocutor diz quando não olham para os olhos.

 

Existem autistas super dotados, autistas com deficiência intelectual e tudo que existe aí no meio. O Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos publicou uma pesquisa que indicou que cerca de 40% das pessoas no espectro possuem algum tipo de deficiência intelectual. Essa é uma quantidade grande se compararmos à população em geral, cujo percentual de indivíduos com deficiência intelectual é de aproximadamente 5%.

 

 

 

É bem verdade que alguns autistas têm alguma habilidade excepcional, mas eles não são a maioria. Portanto, isso é mais um dos mitos do autismo. Cerca de 10% dos autistas têm o que é chamado de Síndrome de Savant, também conhecida como síndrome da genialidade. Essas pessoas normalmente têm o QI abaixo da média, mas alguma capacidade muito acentuada em uma área específica como memória, cálculo, idiomas, pintura ou música, por exemplo.

 

 

 

O autismo não é uma doença e, sendo assim, não podemos falar em cura. Mas é compreensível que esse seja um dos mitos do autismo, pois se ancora na esperança de muitos pais e mães. É, sim, uma condição que acompanha o indivíduo durante toda a sua existência. Não quer dizer que os desafios serão sempre os mesmos, mas algumas dificuldades ou limitações sempre existirão.

Hoje em dia vemos cada vez autistas adultos se manifestando na internet e redes sociais, falando sobre suas vidas e dificuldades do dia a dia. Esse movimento é super importante para aumentar não só a conscientização sobre o autismo como também para difundir conhecimento sobre o autismo visto pelos olhos dos próprios autistas.

 

Com certeza! Geralmente, o autismo pode ser notado desde os primeiros meses, já que se manifesta nas idades iniciais da criança. Logo, os pais podem observar os indícios do autismo infantil. Procurar ajuda especializada é uma boa ideia quando:

  • na maior parte das vezes o bebê não olhar quando for chamado
  • o bebê mostrar dificuldade em estabelecer ou manter contato visual
  • a criança repetir movimentos e mostrar fixação em certos objetos
  • não houver interação com brincadeiras 

 

Atualmente não existe cura para o autismo. A ampla gama de distúrbios associados ao transtorno do espectro autístico requer uma intervenção que envolva fortemente a família, a escola e a sociedade em geral. Com a chegada à idade adulta, um autista precisa também de ajuda para gerir a sua experiência laboral e a sua autonomia pessoal e social. Alguns fármacos, porém, podem ser úteis para combater certas comorbidades/sintomas frequentemente associados ao autismo, como a hiperatividade, a agressividade e a obsessão. 

 

 

Uma intervenção precoce, de acordo com a necessidade dele (terapia ocupacional, psicólogo, fonoaudiólogo, etc.), aumenta as probabilidades de sucesso da terapia e permite a todas as crianças autistas alcançarem o máximo do seu potencial de autonomia e conhecimento, facilitando assim a entrada na vida adulta. Na ausência de terapia ou no caso de uma intervenção tardia, a possibilidade de a criança poder vir a desfrutar de uma vida autônoma é drasticamente reduzida.

 

 

 

A linguagem é uma das áreas em que as crianças autistas geralmente têm dificuldades. No entanto, algumas desenvolvem uma linguagem avançada, ainda que limitada ao nível do número de palavras usadas, da correção ou da capacidade expressiva.

Fontestexto de Cristiane Carvalho, para o “Autismo Em Dia”; “O nosso filho é autista”, de Stefano Vicari; publicações El Pais Brasil; Boletim Behaviorista; Neuroconecta; NeuroSaber e Scielo.