Adquirir conhecimento e buscar melhorar as relações interpessoais é sempre muito importante, e foi isso o que aconteceu ontem na APAE de Belo Horizonte. Jeyverson Mendes, psicólogo especialista em Terapia Analítico-Comportamental, está desenvolvendo sua dissertação de mestrado em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Para isso, ele, que já atuou como psicólogo das Casas Lares da APAE-BH por quatro anos e atualmente é Gerente da Reabilitação Intelectual do CER IV, convidou três mães sociais e um auxiliar de mãe social para participarem de uma pesquisa, que será desenvolvida em nove reuniões, ao longo de dois meses. A primeira, realizada ontem, teve como tema “Reforçamento do Comportamento Adequado” e a proposta é abordar estratégias comportamentais para ter um trabalho de melhor qualidade com os moradores das Casas Lares.
Foram convidadas para a pesquisa as mães sociais Jorgelina Aparecida Aguiar e Neuza Ferreira Martins (ambas da Casa Planalto), Cícera Aparecida de Lima e o auxiliar de mãe social Luís Carlos da Silva (ambos da Casa Barreiro). Segundo Jeyverson, participando desse trabalho, os colaboradores estão representando todas as mães e pais sociais, bem como auxiliares das Casas Lares. “Essas pessoas foram escolhidas devido ao perfil dos moradores que estão sob seus cuidados, pois sabemos que eles têm uma série de comportamentos que dificultam o trabalho”, comentou o psicólogo. Ele reiterou que essas mães sociais e o auxiliar têm uma participação essencial, pois são eles que fazem o trabalho acontecer. “Nós representamos a APAE-BH e esse trabalho pode servir de referência para outras APAEs que têm Casas Lares.”
De acordo com Jeyverson, após ser apresentada, a pesquisa será publicada em uma revista científica. Uma das ferramentas para realização da pesquisa é o registro de imagens feito nas Casas Lares. As imagens registradas antes da primeira reunião com as mães sociais e o auxiliar, serão analisadas pelo psicólogo Jeyverson juntamente com os participantes das reuniões e serão utilizadas para avaliação dos manejos e sugestão de novas estratégias para melhorar o comportamento dos moradores e a atuação das mães. “Posteriormente, serão feitos novos vídeos para análise, verificação de alteração de comportamento e comprovação do resultado das intervenções”, afirma Jeyverson.
O objetivo da pesquisa é beneficiar, em especial, os moradores das Casas Lares. Jeyverson explica que o trabalho tem um viés comportamental voltado para a ciência do comportamento, com a finalidade de apoiar e auxiliar as mães sociais, ensinando como elas devem manejar o comportamento. “Vou abordar as melhores estratégias de intervenção, no sentido de favorecer a construção de um repertório comportamental saudável para os moradores das Casas Lares e, consequentemente, construir um ambiente com interações mais saudáveis e, ainda, diminuir a ocorrência de comportamentos inapropriados”, afirma.
O psicólogo e pesquisador ainda comentou sobre a sua experiência: “Eu tive o prazer e o privilégio de ser psicólogo do programa Casa Lar, da APAE-BH, durante quatro anos e, nessa história com os moradores, tive também a oportunidade de perceber as dificuldades em relação aos comportamentos, muitas vezes considerados inadequados e que são produto da história de vida deles”. Jeyverson contou que fez questão de conhecer um pouco mais a história dos usuários anterior ao período em que vieram para as Casas Lares: “Eu procurei saber da época em que eles estavam na extinta Febem (Fundação do Bem-Estar do Menor), das relações punitivas que eles vivenciaram naquele ambiente, do abandono familiar e da mudança de vida que eles tiveram quando passaram a morar nas Casas Lares da APAE-BH”.
Nessa primeira reunião, ele comentou que fatos externos à APAE-BH têm influência no que a pessoa faz e isso muda o comportamento. Mas ele afirma, também, que isso pode ser controlado e que está esperançoso e otimista em relação aos resultados.
Segundo Jeyverson, o impacto do trabalho que está desenvolvendo na rotina dos envolvidos vem para agregar ao trabalho das Casas Lares, como um recurso que as mães poderão utilizar para tornar o ambiente mais harmonioso e equilibrado e os comportamentos mais adequados. Ele afirmou ainda: “Eu me sinto muito realizado e feliz por poder concretizar esse trabalho.”
A mãe social Neuza Ferreira Martins se mostrou animada: “Para mim está muito bom, pois não sabemos como lidar com os moradores em algumas situações e vai ser ótimo aprender cada dia mais.”
Casa Lar
O Serviço de Acolhimento Institucional – Casa Lar é realizado em unidades residenciais inseridas na comunidade e tem a finalidade de promover a construção progressiva da autodeterminação, inclusão social e desenvolvimento das capacidades adaptativas para a vida diária e prática dos moradores. A execução desse serviço está atrelada à promoção do bem-estar emocional, físico e material dos usuários, bem como suas relações interpessoais e a defesa de direitos.
Em parceria com a Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social de Minas Gerais, estabelecida em 1997, a APAE-BH oferece acolhimento para 50 jovens e adultos com deficiência intelectual, advindos da extinta FEBEM e encaminhados pelo poder público, cujos vínculos familiares foram rompidos ou fragilizados e que não dispõem de condições de autossustentabilidade e/ou de retaguarda familiar temporária ou permanente.
Para o Serviço Casa Lar, a APAE-BH conta com oito imóveis inseridos na comunidade, cujos moradores apresentam deficiência intelectual e múltipla e requerem apoios intermitentes, extensivos e generalizados. As assistentes sociais, psicólogos, fisioterapeutas, pedagogas, advogada e outros profissionais da equipe técnica e do setor administrativo da instituição, dão suporte a esse serviço de acolhimento.
Crédito: Assessoria de Comunicação APAE-BH