Dentro da programação da II Formação dos Profissionais de apoio à inclusão da Seduc – Secretaria Municipal de Educação de Contagem, na última semana, na Escola Municipal Heitor Villa Lobos, um profissional do CER IV de Contagem, administrado pela APAE-BH, apresentou uma palestra para estagiários do curso de Pedagogia. Estas pessoas são contratadas para dar apoio aos estudantes com deficiência nas salas de aula regulares das escolas municipais de Contagem.
Jeyverson Mendes, psicólogo e gerente da Reabilitação Intelectual do CER IV de Contagem, ministrou a palestra que teve como tema: “Convivendo com a Pessoa com Deficiência Intelectual e/ou com Transtorno do Espectro Autista”. Ele abordou a ciência do comportamento, as razões pelas quais as pessoas se comportam de determinada maneira e explicou que o comportamento é produto das situações vivenciadas anteriormente e das consequências produzidas por esse comportamento. De acordo com Jeyverson, “o comportamento retrata a relação entre as respostas de uma pessoa e os estímulos do ambiente, e os comportamentos são fortalecidos por suas consequências.”
O psicólogo reforçou que cada pessoa possui a sua própria história, ou seja, tem experiências diferentes e reagem de maneiras distintas diante de um mesmo estímulo. Além disso, ele explicou o que é a deficiência intelectual, dando ênfase ao que é inteligência inferior à média e a exemplos de limitações no comportamento adaptativo. A respeito do autismo, explicou que é caracterizado por uma deficiência persistente na comunicação e na interação social em múltiplos contextos.
O ponto alto da apresentação foi quando Jeyverson apresentou “mitos e verdades” sobre a deficiência intelectual e o autismo. De forma dinâmica e dando espaço para a participação do público presente, o profissional explicou, por exemplo, que é um mito dizer que a deficiência intelectual é uma doença e um tipo de transtorno mental e que é verdade que ela inicia-se antes dos 18 anos de idade e que pode ser causada por fatores genéticos e distúrbio na gestação. Ele comentou que é um mito que as pessoas com autismo não desenvolvem vínculos afetivos e que é verdade que apresentam limitação na comunicação e restrição da interação social (em diferentes situações).
Em seguida, ele afirmou que a pessoa com deficiência intelectual e/ou transtorno do espectro do autismo não deve ser tratada de maneira infantilizada e nem se deve usar palavras no diminutivo e termos inadequados e/ou pejorativos. Além disso, é indispensável:
- não tirar a oportunidade de a pessoa realizar por si mesma qualquer coisa de que seja capaz;
- verificar se ela acompanha e compreende o que você comunica/solicita a ela;
- usar palavras que a pessoa seja capaz de entender;
- dizer não quando necessário;
- deixar claro o que você está aprovando ou desaprovando;
- entender que tudo o que essa pessoa faz tem um motivo e que a resposta ao que ela fez precisa ser baseada em tais motivos;
- lembrar que ela apresenta um funcionamento diferente do seu;
- dar tempo suficiente para ela responder e participar de uma “conversa” e/ou realizar uma atividade.
Jeyverson ressaltou que “a pessoa é um indivíduo, ela não é a deficiência!”
Ludmilla Skrepchuk Soares, Superintendente de Projetos Especiais e Parcerias da Secretaria Municipal de Educação de Contagem e responsável pela educação básica inclusiva do município – Infantil, Fundamental e EJA (Educação de Jovens e Adultos), comentou sobre a proposta da educação inclusiva: “Os diversos profissionais trabalham junto com os professores e com a referência do atendimento educacional especializado para transposição das barreiras do acesso às aprendizagens desses estudantes. O objetivo dessa formação é alinhar as diretrizes das nossas políticas da educação especial para o atendimento diário nas escolas, apresentando de forma clara e didática as atribuições de cada profissional, a corresponsabilidade de cada um no processo da inclusão escolar e o que esperamos de sua atuação e manejo diário dos estudantes com deficiência.”
Sobre a palestra oferecida pelo CER IV de Contagem, Ludmilla afirmou que a participação de profissionais da área da saúde é de excelência. “O conteúdo é de suma importância e o palestrante tem um aspecto didático muito bom, pois coloca todas as informações necessárias para os profissionais de apoio de forma clara e sistematizada, com uma metodologia adequada ao atendimento e isso é fundamental. O conhecimento técnico e a interlocução próxima da realidade da escola são de extremo valor para nós.”
A professora de atendimento educacional especializado, Percilene Maria de Oliveira, da Escola Municipal Coronel Antônio Augusto Diniz Costa, comentou que a palestra abordou os aspectos mais importantes que precisavam ser tratados. “A questão dos “mitos e verdades” sobre a deficiência intelectual e o autismo fez o pessoal participar e trouxe leveza e clareza para quem tinha dúvidas. Ficou mais fácil de entender e o resultado foi muito bom. Essas informações são ainda mais importantes para o trabalho dos estagiários.”
De acordo com Cristiane D’Ávila Mendes Ferreira, estudante do curso de Pedagogia e estagiária de inclusão na Escola Municipal Cândida Rosa, a palestra esclareceu muitas dúvidas. “Aprendi como devemos trabalhar com as pessoas com deficiência intelectual e autismo, o que é verdade e o que é mito. Foi muito válido e eu gostei muito.”
Após o encerramento, Jeyverson Mendes comentou que “dialogar com profissionais que estão em contato com a população com deficiência intelectual e/ou transtorno do espectro autista, é fundamental para que essa população tenha os apoios de que necessita e, cada vez mais, melhores condições para o seu desenvolvimento enquanto indivíduo. Essa deve ser uma prática constante. Comunicar com os profissionais de apoio à inclusão foi extremamente relevante”, afirmou.
Crédito: Assessoria de Comunicação APAE-BH [vc_images_carousel images=”16587,16588,16589,16590,16591,16592,16593″ img_size=”medium”]