Inclusão: Integração absoluta de pessoas que possuem necessidades especiais ou específicas numa sociedade, de acordo com o significado no dicionário. E foi justamente isso que aconteceu na Feira de Ciências, realizada na manhã do último sábado, 09/11, na APAE-BH. O evento, foi o encerramento do “Circuito do Conhecimento”, projeto desenvolvido pelos universitários do curso de Engenharia Química da PUC-Minas,  realizado com alunos da Escola Oficina Sofia Antipoff da instituição.

Durante toda a manhã, os familiares dos usuários da APAE-BH e dos alunos da PUC, tiveram a oportunidade de conhecer os projetos que foram trabalhados durante os dois meses de atividade. Para Claudete Botaro, professora da universidade, o projeto beneficiou a todos. “Esses meses na APAE foi de descobrimento, e eu descobri que os meus alunos cresceram, amadureceram e viraram pessoas especiais”, disse emocionada.

Além de demostrarem como a química atua em nosso dia a dia, houve também a apresentação de um teatro sobre a história do conquistador cartaginense Aníbal, considerado um dos maiores estrategistas da história e que, usando os conhecimentos em química, realizou a proeza militar de cruzar os alpes com seu exército e dezenas de elefantes de guerra.

A dança também foi utilizada para explicar a relação como a química, desde as reações que ocorrem nas células musculares, até a liberação dos hormônios Serotonina e Dopamina. Neste momento, todos os presentes foram convidados a dançarem.

“O que aconteceu aqui hoje, foi a verdadeira inclusão. Parabéns a todos os envolvidos; A PUC-Minas, e principalmente a professora Claudete, que nos procurou com uma iniciativa extraordinária e aos alunos que acreditaram no projeto se dedicaram ”, acrescentou a diretora da Escola Lucianna Gontijo. Ao final, a equipe escolar e todos os alunos foram certificados.

E para fechar com “chave de ouro” este importante projeto vale a pena conferir alguns dos depoimentos dos alunos da PUC Minas:

  • Mariana Atheniense Vaz de Mello – grupo 20 – humanidade e ambiente: energia

“Nos últimos meses, eu e meus colegas das disciplinas de Química Inorgânica e Química Geral A, ministradas pela professora Claudete Botaro, fomos direcionados por ela e pela professora Luciana, uma das funcionárias da APAE-BH, a visitar a instituição e ensinar , de modo dinâmico e acessível, para jovens com deficiência intelectual e múltipla, alguns tópicos sobre química e/ou ciências da natureza em geral. Após escolhermos abordar um tema complexo até para os estudantes de engenharia, logo muitas inseguranças surgiram, não sabíamos como explicar o conceito de energia para os alunos da APAE e ainda demonstrá-lo de modo lúdico, mas conseguimos fazê-lo por meio da construção de cata-ventos que simulassem a energia eólica e uma pilha feita com tomates que gerasse energia elétrica. Mal sabíamos nós, todavia, que seriam eles que nos ensinariam tanto. Toda vez que entrávamos em uma sala e iniciávamos os experimentos, todas os receios eram logo desconstruídos por olhos brilhando, respostas empolgadas, palmas e rostos concentrados no que dizíamos e fazíamos. O encanto, a simpatia e o respeito que os alunos da APAE demonstraram nos inspiraram a agir do mesmo modo perante às nossas situações de aprendizado, e com todos ao nosso redor, sem nenhuma distinção física ou intelectual. A educação é um direito e pode ser acessível para todos, de modo que perde grande parte de sua essência quando restrita a grupos seletos e ao ambiente de sala de aula”.

  • Álvaro Felix- Grupo11- Leite psicodélico

“Atualmente o preconceito se tornou uma prática constante da sociedade, o fato de pessoas serem especias faz com que elas sejam excluídas da sociedade. Esse trabalho está ai para servir de exemplo para todas as pessoas, que não existe limitação para quando se trabalha com carinho e amor, pois os alunos da APAE independente de suas limitações, são seres humanos como qualquer outro, com um potencial incrível”.

  • Ana Júlia Guimarães Policastro – Redescobrindo os sentidos Grupo 13

“O trabalho realizado na APAE foi muito enriquecedor para todos nós. Ao ver as dificuldades e limitações de outra pessoa, redescobrimos em nós mesmos o jeito de ensinar, de buscar formas para transmitir o conhecimento, e por meio de olhares e reações faciais analisar se a pessoa compreendeu. Redescobrimos a aprendizagem, algo que pode ser muito simples para alguns, mas que para outros deve ser diferente, porque afinal todos nós temos particularidades que nos tornam únicos. Descobrimos em alguns alunos a paixão pela música, Ao ouvir sons de piano, violino, guitarra e flauta muitos se acalmavam e prestavam atenção em todos os detalhes da música. Descobrimos em outros alunos a incrível capacidade de diferenciar aromas muito parecidos. A capacidade de alguns em diferenciar objetos com texturas exóticas, e os que não conheciam, a curiosidade de entender a nova sensação. De modo geral, o trabalho nos fez redescobrir os sentidos pois, vendo as expressões e as percepções dos alunos com os experimentos, algo que era comum para nós como escutar uma música ou comer uma fruta, se tornou muito maior do que só sentir”.

  • Jorge Badra- A Magia da Ciência – Grupo 5

“Para nós, o trabalho realizado na APAE está sendo uma grande oportunidade. Oportunidade de convívio com pessoas diferentes, oportunidade de transmitir conhecimento, oportunidade de aprender sobre a vida de pessoas que, infelizmente portam uma deficiência mental, mas o que não as torna, de maneira alguma, inferiores, e que na verdade são também professores para quem tem a oportunidade de se aproximar deles, já que mesmo sendo portadores de deficiência exalam alegria e animo. Desta forma, o trabalho realizado é uma via de mão dupla, onde tanto nós, como os alunos da APAE aprendem e ensinam uns aos outros”.

  • Um muito obrigado, Willie Santos Araújo – Grupo 9 (Aromas e Slime)
  • “Para o Grupo 9 (Aromas e Slime), paixão, foi a palavra que definiu todo o trabalho realizado na Escola Oficina Sofia Antipoff(EOSA)/APAE-BH.
    A possibilidade de desenvolver um projeto diretamente com os alunos e funcionários da APAE-BH despertou em nós esse sentimento de empatia, promovendo um mix de emoções positivas que, certamente, terá um lugar especial em nossas memórias por toda a vida. O nosso compromisso de se envolver sem fronteiras com aqueles alunos tornou possível melhorar a nossa compreensão acerca daqueles que nasceram ou desenvolveram algum tipo de deficiência, mas que, em contrapartida, foram agraciados com muitas outras qualidades que raramente são percebidas com tanta clareza e sinceridade em outras pessoas. E não só de emoções esse projeto foi marcado. O aprendizado transmitido pelos alunos-APAE nos proporcionou uma compreensão e aprimoramento dos nossos sentimentos mais intrínsecos: afetivo e cognitivo. Essa troca de experiências e sentimentos certamente abrirá portas, não só para nós, mas também para os alunos da EOSA, os quais estarão mais preparados para lidar com maior facilidade com relacionamentos interpessoais. Em nome do Grupo-9, esse depoimento descreve com orgulho e emoção, toda a felicidade, apresso, superação, amor e carinho que os alunos, assim como funcionários, da Escola Oficina Sofia Antipoff, nos proporcionaram ao longo deste projeto. Portas serão abertas, e nós, certamente, iremos nos manter afincos aos princípios transmitidos pelos alunos-APAE. Sem nos esquecermos das nossas raízes afetivas e cognitivas e tendo um olhar sempre adiante, iremos trazer soluções inovadoras e competentes a toda a sociedade brasileira e mundial, sobretudo àqueles que requerem uma atenção especial”.

 

  • Caroline Dionizio Rosa, participante do grupo 2 (Brinquedos)

“Trabalhar com os alunos da APAE foi uma experiência de desenvolvimento pessoal. Levar a química para as crianças de uma forma divertida e incluí-las nos processos realizados foi de extrema importância. Receber o carinho dos alunos, vê-los participando dessa experiência junto com o grupo foi bastante significante”.

  • Representante: Nathália Camila Ferreira.

“O trabalho de extensão que foi desenvolvido na APAE BH, despertou em nós um sentimento de inclusão. Uma inclusão que não foi feita por nós extensionistas mas realizada pela Escola Oficina Sofia Antipoff. Um sentimento de gratidão e satisfação domina em nossos corações pelo tanto que aprendemos com os alunos, professores e funcionários da APAE, o que para nós foi um grande privilégio. Todos os integrantes da escola nos receberam de braços abertos e se apresentaram dispostos para nos ajudar nessa missão. Portanto, o sentimento de inclusão cabe a nós, pois foi a APAE que trouxe a engenharia química para dentro de casa e de maneira singela disse: “Fiquem a vontade, a casa é de vocês”, e dessa forma, nós alunos da Puc Minas nos sentimos honrados por fazer parte dessa história. Nós finalizamos esse trabalho com um sentimento de dever cumprido e saímos dessa experiência com uma bagagem de conhecimento muito maior, um aprendizado que somente a sala de aula não poderia oferecer. Pois, o que levamos conosco a partir de hoje é uma aula de humanidade, empatia e superação que nunca iremos esquecer”.

 

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